Thaís, a criadora da Escola
Quando eu era pequena, era cheia de energia, criatividade e imaginação. Eu era como um vulcão de ideias, mas o sistema escolar em que cresci não sabia como lidar com isso. Ao longo dos anos, percebi que muitas das minhas habilidades não eram valorizadas nem estimuladas. Eu, que sempre fui expansiva e cheia de energia, me vi forçada a me encaixar em um molde único e rígido. Um modelo que não reconhecia minhas habilidades e que, em vez de ajudar, me fazia sentir inadequada.

Inadequação
Sabe aquela famosa frase de Albert Einstein: "Todo mundo é um gênio. Mas, se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em uma árvore, ele vai passar toda a sua vida acreditando que ele é estúpido”.
A sensação que eu tinha era essa. Como se estivesse tentando me encaixar em algo que não fazia sentido para mim, como se eu fosse errada por não me adaptar ao ambiente tradicional das escolas. O tempo todo, era chamada à atenção por não conseguir ficar quieta por horas, sentada em uma sala fechada. Enquanto isso, outros colegas pareciam se adaptar melhor a esse modelo, o que me deixava ainda mais perdida, sem entender como eles conseguiam.
De aluna à professora
E eu me perguntava: como um único professor consegue ensinar a mesma coisa, da mesma maneira, para 30 alunos com diferentes talentos, necessidades e sonhos? A escola, para mim, não fazia sentido. E, embora tenha seguido o caminho tradicional — passei no vestibular, entrei na faculdade de Artes na UFRJ e me formei professora de Educação Artística —, nunca deixei de questionar esse sistema. Como professora, percebi as falhas do sistema educacional, que ainda prioriza métodos que em breve serão automatizados pela inteligência artificial. Os professores, muitas vezes, enfrentam sobrecarga e falta de apoio, enquanto os alunos se sentem desmotivados e ansiosos. Além disso, muitos currículos são impostos por governantes que nunca deram aula, agravando ainda mais a situação.
Desmotivação
Como professora, eu via de perto o quanto o sistema estava falho, o que me encantava mesmo era cativar os alunos, fazer com que se apaixonassem pela arte, pela convivência, pelo mundo. Eu me sentia realizada quando conseguia mostrar para eles que eram especiais exatamente do jeito que eram. Minhas aulas se tornavam uma espécie de terapia, em que eu ouvia suas histórias e compartilhava as minhas, criando um ambiente mais humano e acolhedor. No entanto, com o tempo, percebi que esse tipo de abordagem não se encaixava nos moldes da educação tradicional. A burocracia, as notas, os currículos impostos... tudo isso foi me desmotivando cada vez mais.
A demissão
Foi aí que eu decidi pedir demissão e buscar algo mais alinhado com o que eu realmente acreditava. Algo que me permitisse trabalhar com liberdade, de qualquer lugar do mundo, com horários flexíveis. Então, comecei a oferecer atendimentos de tarô terapêutico, mas logo senti que poderia fazer mais. Surgiu a ideia de criar a Escola Holística Amar, um projeto onde eu pudesse oferecer um espaço para as pessoas se reconectarem com a sua verdadeira essência, curar suas feridas, se expressarem sem medo e, principalmente, redescobrirem a criatividade e o amor próprio.
"Você sonha demais"
Sempre fui chamada de "sonhadora", como se isso fosse algo negativo. Toda vez que eu falava dos meus planos ou ideias, era criticada ou desmerecida. Mas, sabe, tudo que existe hoje no mundo, antes teve que ser sonhado. Os adultos esquecem isso, mas as crianças sabem. Talvez por isso eu me identifique tanto com elas, talvez por isso eu me sinta tão bem perto delas. Porque elas sonham, acreditam, se permitem expressar, criar, correr, cantar, chorar, se permitem encantar, imaginar!
Imaginação
A imaginação, na minha visão, é uma ferramenta poderosa, essencial para o futuro. O mundo de amanhã será dos cidadãos criativos, inovadores, que pensam de forma criativa e intuitiva. Coisas que as máquinas não conseguem fazer. Precisaremos de mais colaboração, menos competição. Saber se relacionar será essencial. Habilidades emocionais serão extremamente importantes. E, no entanto, o que vejo é que as escolas tradicionais ainda priorizam a memorização. A memorização é prática, eficiente e rápida, pois busca soluções no passado, baseadas em experiências anteriores. É como seguir uma receita ou um manual. Já a imaginação abre novas portas, questiona padrões, conecta pontos improváveis e cria caminhos ainda inexplorados. A imaginação é o espaço onde o novo nasce.
Memorização
Infelizmente, muitas escolas ainda priorizam e valorizam a memorização, não a imaginação. Elas esperam que todos os alunos sigam o mesmo caminho, sem considerar que cada um tem uma trajetória única. O que é tirar 10 na prova? É sempre acertar o gabarito. Esperar que todos tenham a mesma resposta, sem considerar que cada pessoa tem seu modo único de sentir, pensar, expressar. Cada um tem um tempo interno diferente, interesses e habilidades diferentes. A professora Lúcia Helena Galvão diz uma frase que eu gosto muito "só é útil o conhecimento que nos torna melhores". Humanos melhores. Sonho um ensino que explore as infinitas possibilidades da imaginação, da criatividade, da magia e da intuição!
A Escola Amar
Por isso, criei a Escola Amar, porque sempre sonhei com uma escola que fosse inclusiva, que reconhecesse as múltiplas inteligências e talentos de cada ser humano. Uma escola onde as pessoas possam sentir, criar, explorar seu mundo interior e se reconectar com sua verdadeira essência. Um espaço onde a criatividade seja valorizada, e onde a imaginação não seja apenas uma ferramenta, mas a base para o aprendizado.
E eu acredito nisso profundamente. O que precisamos hoje não é de mais provas e avaliações que nos definem por um momento, mas de mais espaço para imaginar, para ser quem realmente somos. Se cada um de nós pudesse se permitir sonhar, criar e expressar sua essência sem medo de ser julgado, o mundo seria um lugar muito mais colorido e cheio de possibilidades. Esse é o início de um sonho, uma escola que eu sempre quis criar: um espaço de liberdade, criatividade, magia, acolhimento e, acima de tudo, de amor.